Em
comemoração a 8ª Primavera de Museus, a Fundação Ema Klabin convida o público
para um passeio histórico pelo curioso bairro do Jardim Europa, em São Paulo, nos dia 20 e
21 de setembro, das 14h às 17h30.
O encontro começa na Fundação Ema Klabin,
com uma visita a exposição "A Casa da Rua Portugal" e um bate-papo sobre
a história da construção da casa de Ema Klabin com o curador do museu, Paulo
Costa. Em seguida, o público fará um passeio monitorado pelo bairro.
A
exposição apresenta fotos, anúncios e documentos além de muitos projetos
inéditos de conceituados arquitetos, decoradores e paisagistas, como Alexandre
Albuquerque, Henrique Alexander, Augusto C. de Almeida Lima, André Devèche,
Gregori Warchavchik, Alfredo Ernesto Becker, Terri della Stufa e Roberto
Burle Marx.
“Da primeira
residência onde Ema Klabin viveu com os pais, em Higienópolis, até a construção
de sua casa, no Jardim Europa, a exposição busca analisar e registrar todo
o processo histórico, inserindo-o no contexto da evolução urbana e arquitetônica
da cidade e contribuindo para a preservação de sua memória.
Ao mesmo tempo,
traz a público importantes documentos que poderão servir de incentivo a novos
estudos de nossa história”, explica o curador da exposição, o arquiteto Paulo
Costa.
A pesquisa, que levou quase um ano, traz ainda curiosidades sobre o
bairro. Entre elas, uma inusitada caçada a raposa promovida pela Sociedade
Hípica Paulista nos anos de 1930.
Nesses encontros, um ou dois cavaleiros
assumiam o papel da raposa, com uma fita amarrada ao corpo, e vencia quem
a pegasse primeiro. O evento terminava na sede da hípica com um chá da tarde
e coquetéis de confraternização.
Sobre o bairro:
O loteamento Jardim Europa foi lançado em 1922 pelo empresário Manoel Garcia da Silva, e foi projetado pelo engenheiro-arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Jr, tendo como modelo o Jardim América, lançado em 1915 pela Companhia City.
Os
contratos de venda dos lotes possuíam um regulamento rígido, que determinava
recuos, afastamentos laterais e gabaritos de construção e impedia a construção
de muros altos nas divisas dos lotes. O padrão estabelecido era muito superior
ao exigido pela Prefeitura, que só iria estabelecer um código de obras abrangente
quase duas décadas depois.
Em
1986, o empenho dos moradores trouxe o tombamento dos Jardins América, Europa,
Paulista e Paulistano pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat), fato que garante a preservação
da vegetação, do traçado das ruas e das linhas demarcatórias dos lotes.
As
medidas de preservação da região garantiram uma vasta área de densa vegetação
que contribui favoravelmente para o clima, a drenagem e a qualidade do ar
da metrópole.
O bairro é considerado um dos mais luxuosos de São Paulo, ao mesmo tempo que abriga importantes instituições culturais como Museu
da Imagem e do Som (Mis), Museu Brasileiro da Escultura (Mube), Museu da
Casa Brasileira (MCB) e a Fundação Ema Klabin (FEK), aberta ao público em
2007. Essas instituições garantem o acesso de toda a população, promovendo diversas ações artísticas e culturais.
A Casa da Rua Portugal:
A década de 1950 foi marcada por grandes transformações na vida de Ema Klabin. Com o crescimento econômico proporcionado pelo pós-guerra, ela possuía os meios e a liberdade de estabelecer para si um novo projeto de vida, cujas facetas mais importantes eram a construção de uma nova casa e a formação de sua coleção de arte.
A casa representava o seu desejo de se aproximar
dos parentes e amigos que já residiam no Jardim Europa. A coleção, por sua
vez, era a realização de um sonho antigo, agora favorecido pelos preços mais
acessíveis da Europa arrasada pelo conflito.
Quando
Ema encomendou os primeiros estudos para a casa, em 1950, possuía apenas
5% da coleção final e quando se mudou para a casa, em 1961, já havia adquirido
metade da coleção que hoje conhecemos.
Nesses mais de dez anos entre os
estudos e a construção da casa vários profissionais renomados deixaram suas
marcas na Casa da Rua Portugal, que hoje abriga um dos maiores polos culturais
de São Paulo, com shows, palestras, exposições, encontros, a maior parte
com entrada franca.
Perspectiva da primeira proposta de Burle Marx para o jardim, junho de 1956.
Oficialmente
registrada em 1978, a Fundação Cultural Ema Gordon Klabin abriga um valioso
acervo de mais de 1500 obras, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês
Frans Post, dos modernistas brasileiros Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti,
Portinari e Lasar Segal; talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário de
época, peças arqueológicas e decorativas.
Enviado por : Cristina Aquilera