Coleção Sonho Verde trata de sustentabilidade para jovens com autores consagrados




Com a literatura de ficção juvenil cada vez mais focada em histórias fantásticas, com sagas mágicas e futuristas, investir em uma literatura mais realista e combativa ambientalmente, com o objetivo de mostrar a importância da sustentabilidade e da preservação do meio em que vivemos pode parecer uma aposta arriscada, mas é isso que a Editora DSOP faz com o lançamento de sua nova coleção Sonho Verde, que será formada por dez obras e que as cinco primeiras serão lançadas no dia 25/10, às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

A Coleção, projeto concebido pela jornalista, pesquisadora e crítica literária Mirna Queiroz, tem o objetivo de renovar a ficção juvenil a partir de temas ligados à sustentabilidade, incitando a reflexão do papel que cada um exerce na sociedade por meio das mais diferentes perspectivas. Isso tudo, com um texto ágil e histórias instigantes, que conseguem prender a atenção dos leitores.

“A coleção Sonho Verde oferece bom e farto material para evocar o debate sobre um estado de coisas insustentáveis, sem sentido no modo como vivemos que pode mobilizar não apenas jovens, mas leitores de todas as idades”, conta Mirna Queiroz.

Nessa primeira fase, a Coleção é composta por cinco títulos assinados por autores e ilustradores reconhecidos no Brasil e no exterior, muitos dos quais premiados pela crítica - A sacola perdida, do romancista paulistano Ricardo Lísias com ilustrações de Rodrigo Yokota; Rascunho de família, escrito por João Anzanello Carrascoza e ilustrado por Rogério Coelho; Água de anil, da escritora carioca Nilma Lacerda e ilustrado por Kammal João; A longa estrada dos ossos, da catarinense Adriana Lunardi com ilustrações de Catarina Bessell; e Uma aventura animal, de Maria Valéria Rezende com ilustrações de Luyse Costa.

Juntos, esses títulos constroem um diálogo intertextual com várias facetas que atendem um único objetivo: "promover, pelo viés literário, a conscientização para a necessidade de uma nova ética", como anunciado na quarta capa.

Para a segunda fase, também já foram definidos os autores, são eles: Cíntia Moscovich, José Luiz Passos, Rodrigo Lacerda, Paulo Lins e Andrea Del Fuego. A previsão de lançamento desses é ainda em 2015.



Cinco livros, um desafio:

Em Rascunho de família, o premiado autor paulista Carrascoza retrata a história de José e Maria, dois personagens que retiram do lixo o seu sustento, numa narrativa de estilos multifacetados que articula influências de diversas escolas literárias. O autor paulista Ricardo Lísias, por sua vez, traz uma narrativa em primeira pessoa cujo ponto de partida são as peripécias experimentadas pelo narrador-personagem depois de um apagão na festa em comemoração à vitória do Brasil na Copa do Mundo, feita no saguão do prédio onde mora.

Sob uma moldura designada "rol", que inaugura e encerra Água de anil, encontram-se histórias fragmentadas, ora são contos do cotidiano em tom confessional ora peças de teatro, mas todos têm como fio condutor - às vezes implícito, às vezes implícito - a água do rio, que dá nome ao livro, tema muito caro à autora carioca Nilma Lacerda.

Em A longa estrada dos ossos, a escritora Adriana Lunardi apresenta uma breve, porém densa, narrativa calcada na idiossincracia das inter-relações familiares materializadas na confissão de uma adolescente. Já em Uma aventura animal, Maria Valéria Rezende conta como a mudança de cidade impactou a vida de um garoto adolescente.

O desafio editorial foi alinhavar o estilo literário de cada um dos autores com o estilo gráfico de cada ilustrador, compondo duplas para a formação de uma unidade coesa, mas que não tem um fim em si mesmo, uma vez que a soma de todas as unidades na formação de um coletivo é que dá sentido à proposta da Coleção.

O projeto gráfico também reflete esse conceito. Concebido pelo estúdio Bloco Gráfico, os livros foram pensados em formato de moleskine, brochura, cada um com uma paleta de duas cores, que ora aparecem separadas, ora sobrepostas, tanto no logo da Coleção, como na composição das páginas, do título e da ilustração, que reflete a união de autor e ilustrador.

A inspiração de Mirna para esse projeto surgiu durante o Rio+20, quando ela assistiu a jovens do mundo inteiro se articularem para registrarem suas expectativas e seus sonhos em vídeo, assumindo o papel para a criação de uma nova ética.

Na visão da jornalista, era possível transpor esse projeto para a literatura compondo um mosaico de obras que permitem leitura transversal - "alguns leitores poderão apenas se divertir, passar algumas horas agradáveis com Sonho Verde. Outros poderão, sim, se sentir desafiados pelos temas ali abordados. O papel de mediação é que vai fazer a diferença."


Enviado por : Jessika Lopes