Os riscos ambientais nas empresas

                                 

No início deste ano o relatório anual de riscos globais 2015, do Fórum Econômico Mundial, destacou as ameaças emergentes mais significativas que estarão presentes no mundo nos próximos dez anos, em um determinado número de áreas, com destaque para a ambiental que superou pela primeira vez os riscos econômicos.
Entre os riscos vinculados a aspectos ambientais se encontram os fenômenos meteorológicos extremos, catástrofes naturais, falta de adaptação às mudanças climáticas, crise da água, perda da biodiversidade e colapso dos ecossistemas.

Muitos desses desafios ambientais globais a serem enfrentados têm um denominador comum: as mudanças climáticas. E este será o ano em que se atingirá uma nova etapa no estabelecimento de um acordo global, no encontro da COP-21 que reunirá quase 200 países integrantes da Convenção do Clima da ONU, o qual se realizará em Paris, visando conseguir um tratado que substitua o Protocolo de Kyoto. 


A meta é impedir um aumento da temperatura global de mais de 2 graus centígrados, o limite estimado a partir do qual, segundo o IPPC, as mudanças climáticas poderão ter várias consequências.

Para as corporações, neste contexto, além de fixar objetivos, é fundamental conhecer os riscos enfrentados em nível global, de tal modo que as decisões no âmbito empresarial possam ser tomadas com informações objetivas e confiáveis. Para as lideranças empresariais é importante a compreensão de que o papel das empresas é vital para que se possam enfrentar os riscos ambientais dos próximos anos, particularmente com a diminuição das emissões de carbono gerada pelos gases causadores do efeito estufa.

Elas integram uma ampla e complexa cadeia de valor, muitas vezes, difícil de ser dimensionada. Cada atividade poderá contribuir para a sustentabilidade global através do estabelecimento de estratégias empresariais alinhadas com a perspectiva do desenvolvimento sustentável, que em síntese busca atender as necessidades das atuais e das futuras gerações.

As organizações possuem diversos mecanismos e ferramentas que podem contribuir para enfrentar os desafios que virão, de tal modo que além de controlar os riscos, sejam geradas oportunidades por meio da melhoria do desempenho organizacional, acesso a novas fontes de financiamento, diminuição do consumo de energia, melhoria da gestão de resíduos e maior eficiência na utilização de recursos.

Uma das ferramentas mais eficazes no enfrentamento dos riscos ambientais é a norma de gestão ambiental ISO14001, que está em processo de revisão e que será lançada oficialmente no próximo mês de setembro. Esta norma preenche os requisitos necessários para que as empresas enfrentem as ameaças ambientais previstas pelas agencias internacionais e que afetarão os negócios nos próximos anos. 

Além disso, a certificação propicia que se posicionem em condições melhores do que seus concorrentes em termos de competitividade, pois além de demonstrarem uma melhor gestão de seu próprio negócio, estarão contribuindo efetivamente para melhorar as condições de vida na sociedade como um todo.

Para as empresas não há muita opção, só podem adiar assumir um maior compromisso em termos de sustentabilidade, pois o que está em jogo é o futuro do planeta, não só de seu negócio. 

Acontece que em qualquer segmento empresarial há sempre aqueles que estão compreendendo o momento que estamos vivenciando, e as necessidades gerais da sociedade global em termos de superação da crise ambiental; sendo assim, se anteciparão e liderarão o processo em seus respectivos nichos de mercado. 

Aqueles empresários que protelarem seu envolvimento estarão correndo o risco de perderem posições no mercado em curto prazo e ficarem com a mácula de vilões do meio ambiente.



Fonte: Reinaldo Dias é professor da Universidade Mackenzie Campinas. É mestre em Ciência Política e doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.