Os reflexos das queimadas



Queimadas às margens de estradas têm sido um pesadelo para agricultores que possuem plantações próximas a elas. Com o tempo seco os riscos de fogo nas vegetações aumentam podendo se tornar incontrolável, causando destruição de lavouras, fauna e de toda vegetação seca. 

As queimadas é um dos componentes mais devastadores do ecossistema, não destrói somente árvores e plantações, ela ocasiona o empobrecimento do solo e seus nutrientes, além de secar as nascentes. 

O agrônomo e consultor técnico Plinio Fernandes da empresa Fertigeo, diz que os agricultores precisam adotar medidas preventivas para que o fogo não atinja plantações prontas para serem colhidas neste período do ano e também vegetações próximas dos hectares.

“Até setembro alguns agricultores fazem a colheita do milho e algodão, são culturas fáceis de pegar fogo e por isso a preocupação. O agricultor pode optar por aceiros como medida de prevenção, principalmente para aqueles que plantam nas margens das rodovias. 

Essa técnica precisa ser feita em áreas de 20 a 50 metros nas laterais das lavouras, se há plantio na margem da estrada, opte por deixar este espaço para o plantio que fica do lado de dentro dos hectares. 

Como muitas áreas ficam descobertas a vegetação fica desprotegida, com este processo podemos evitar que, em caso de incêndio, o fogo se espalhe e fuja do controle, podendo queimar toda plantação. Outra medida é deixar próximo dessas áreas caminhões pipas ou tanques com água”.

Os incêndios podem ser provocados por pedaços de vidros não recolhidos por total quando acontece algum acidente nas estradas, estes mínimos estilhaços são capazes de produzir fogo, assim como garrafas com água que são lançadas nas margens das estradas, esse recipiente se transforma em lente de aumento, que também inicia o fogo. 

“Falta conscientização das pessoas e gerenciamento dos donos de fazenda que plantam próximo das rodovias. Os prejuízos podem ser evitados, caso este agricultor tenha consciência dos perigos. Durante o período de estiagem as folhas das culturas ficam secas e podem pegar fogo com facilidade, as labaredas atingem áreas descobertas e o fogo se espalha rapidamente”, explica Plinio.

Segundo dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de 01 de janeiro até 14 de agosto, o monitoramento realizado revelou que 43.613 focos de calor foram detectados em todo o Brasil. 

O número corresponde a um aumento de 5% em comparação com o mesmo período do ano passado interrompendo um período de queda observado até julho. Em alguns estados a situação pode piorar com a passagem do fenômeno chamado de “El Niño”, ele é responsável por aquecer as águas do Oceano Pacífico na região tropical, podendo afetar o clima regional e global do país. 

Os principais efeitos do El Niño são as mudanças dos padrões de vento, com reflexos, sobretudo, sobre os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.

“O perigo não está somente em perder a lavoura, o risco de acidentes ocasionados por queimas também é preocupante, assim como problemas para a saúde humana e animal. É comum em áreas rurais, a utilização do fogo para limpeza de áreas, isso é ilegal e pode trazer risco para fazendas vizinhas e também para condutores que trafegam próximo das queimadas. 

Os nutrientes do solo são prejudicados com as queimadas constantes, e a reposição por adubo pode levar certo tempo e ficará financeiramente mais cara ao produtor. Atenção e cuidado são algumas das medidas que elaboramos em nossas consultorias dadas aos produtores”, ressalta o especialista. 


Fonte: Cristina Rocha