Discussões da COP22 podem trazer vantagens para o agronegócio


A Sociedade Rural Brasileira (SRB) avalia que a 22ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP 22) trouxe importantes discussões sobre a formulação de políticas para o cumprimento do Acordo do Clima, além de significativas reflexões sobre as estratégias para a implementação das metas de redução de emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. 


Para Gustavo Diniz Junqueira, presidente da entidade, um dos principais desafios das nações será encontrar soluções que consigam equilibrar as práticas sustentáveis e o desenvolvimento econômico dos países, sem que os custos para a efetiva adequação recaiam apenas sobre o setor produtivo.

A SRB participou da COP 22, realizada entre os dias 7 e 18 de novembro em Marrakech, no Marrocos, com a delegação oficial brasileira, chefiada pelo Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que também contou com a participação de integrantes do Itamaraty, além da presença do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Neste ano, os 190 países envolvidos nas negociações discutiram como implementar os seus compromissos assumidos durante a COP 21, realizada em Paris, em dezembro do ano passado.

Para a SRB, as discussões feitas durante os 11 dias do encontro foram importantes para demonstrar a dimensão dos desafios e a importância do agronegócio para a implementação dos compromissos. “As negociações do clima devem considerar os setores produtivos e o agronegócio como parte da solução. 


Por isso, serão necessários investimentos e mecanismos financeiros, assim como a remuneração por serviços ambientais, investimentos estrangeiros para a adequação aos acordos firmados e estratégias comerciais para beneficiar países com melhores compromissos”, avalia Junqueira.

A opinião do presidente da entidade está em linha com o posicionamento defendido pelo Ministro Blairo Maggi em Marrakech. O ministro enfatizou a necessidade de financiamentos para o setor agropecuário brasileiro atender as metas. 

O Brasil se comprometeu a recuperar cerca de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, 12 milhões de hectares de florestas nativas, além de disseminar 5 milhões de hectares de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) e ampliar o uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira.

Os produtores brasileiros já vem avançando em medidas de sustentabilidade. Para a aplicação efetiva da ampliação das metas, os esforços feitos até agora também precisam ser reconhecidos pela comunidade internacional”, diz o presidente da SRB. 

Segundo dados apresentados pelo Ministro Maggi durante a conferência, os esforços do setor agropecuário brasileiro em prol da sustentabilidade e o uso da inovação já resultaram na poupança de 150 milhões de hectares na produção de grãos, por força do aumento da produtividade nos últimos 40 anos, assim como dos avanços tecnológicos na pecuária brasileira.

Nesse contexto, Marcelo Vieira, Vice-Presidente da SRB, defende que “a discussão deve se focar nas negociações de mercado e condições econômicas que viabilizem a efetiva implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)”. As NDCs indicam as ambições de cada país para a redução de emissões domésticas para colocar o mundo no caminho de uma economia de baixo carbono.

Assim, a entidade destaca a importância do produtor brasileiro se adiantar às exigências e colocar o País à frente de seus concorrentes. “Os recursos internacionais competitivos e a fundo perdido serão essenciais para os países baterem as metas”, diz João Adrien, diretor da SRB que representou a entidade na COP22. “
O mercado internacional deve ser visto como um importante fator de incentivo e gerar ativos aos países de maior ambição na redução de suas emissões”, avalia.


Fonte:  Pedro Tavares