Estados Unidos é o grande vencedor do Bocuse d’Or, a Copa do Mundo da Gastronomia


Depois de cinco horas e trinta e cinco minutos de prova, jurados de 24 de países consagraram os Estados Unidos o grande campeão da 30ª edição do Bocuse d’Or, concurso que é considerado a Copa do Mundo da confeitaria e foi criado pelo lendário chef Paul Bocuse, hoje com 90 anos. O chef Mathew Peters subiu ao lugar mais alto do pódio acompanhado de sua equipe, formada pelo chef Philip Tessier, treinador, Harrison Turone, comin, e Thomas Keller, chef presidente e também jurado.

A equipe norueguesa, que ganhou a medalha de prata, é composta pelo chef Christopher William Davidsen, assistido por Håvard Werkland, que foram treinados pelo chef Gunnar Hvarnes. Os ganhadores do bronze são da Islândia que foram incentivados pela torcida que tomou conta da expo. Encabeçados pelo chef Viktor Andrésson, a equipe conta ainda com o comin Hinrik Lárusson e o treinador Sigurður Helgasson. O resultado final com a colocação das 24 equipes que disputaram o prêmio será revelado em breve.

A alagoana Giovanna Grossi representou o Brasil e foi a 15ª no Bocuse d’Or. A jovem de apenas 25 anos venceu a etapa nacional no concurso, em 2015 no Rio de Janeiro, e encantou os jurados na etapa continental no México, em 2016 (nas palavras de Gaston Acurio, Giovanna realizou “um lindo trabalho”). A chef se preparou, sob a tutela de Laurent Suaudeau, para encarar o maior desafio de sua carreira. Ela é a primeira mulher brasileira a chegar à etapa final mundial do Bocuse d’Or.

“Tenho consciência de que fizemos o nosso melhor. Nós trabalhamos duro por isso e eu não mudaria nada. Conseguimos apresentar um trabalho sem falhas de execução e que nos deixa orgulhosos. Estar aqui é uma experiência incrível que nem todos têm a oportunidade de vivenciar. Essa energia e a torcida de todos me impulsionou muito. Fiquei feliz que muitos chefs elogiaram o nosso trabalho e nos incentivaram a participar do concurso novamente”, afirma Giovanna Grossi.

Para celebrar o 30º aniversário do Bocuse d’Or, o comitê organizador reinventou o concurso ao propor os temas das duas receitas que os participantes tiveram que preparar. Como um tributo às origens da competição, o prato apresentado em bandeja foi o ‘Frango de Bresse com mariscos’ baseado em uma interpretação da famosa versão lionesa de ‘frango com lagostim’. Este foi o tema da primeira edição do concurso. O segundo preparo obrigatório, que foi empratado como em um restaurante, foi 100% vegetal, apenas com legumes, sementes, verduras e cereais, uma novidade na disputa.

Para o desafio de criar receitas 100% vegetais, Giovanna Grossi escolheu o tema “Aquarela de Vegetais Brasileiros”. O prato, com quatro elementos, contou com alguns vegetais bem brasileiros como a mandioquinha e o jiló. Em sua releitura do tradicional ‘Frango Bresse com Marisco’, a chef optou por montar um mosaico de lagosta com molhohomardine. Entre os acompanhamentos, o destaque é para as garras de lagosta com vegetais crocantes, palmitos ecoulis de cambuci.

O júri também premiou o melhor prato de cada tema. A Hungria, comandada pelo chef Tamás Széll, conquistou os jurados com o seu ‘Frango de Bresse com Mariscos’, servido em uma badeja. Já a melhor receita que usou apenas vegetais foi preparada pela equipe francesa do chef Laurent Lemal, que também levou o prêmio de melhor comin, Benjamin Vakanas.

- Sobre o Bocuse d’Or

Os concursos de culinária podem ter conquistado o mundo, mas foi no Sirha que, trinta anos atrás, nasceu o mais famoso de todos: o Bocuse d’Or, fundado pela lenda viva da gastronomia, o chef Paul Bocuse. E, em 2017, a competição mais uma vez apresentarou ao mundo uma geração de chefs brilhantes. Oriundos de diversas culturas e experiência culinárias, eles são precursores de novas técnicas e tendências.

Jérôme Bocuse é o presidente do concurso e o chef francês Joël Robuchon voltou ao Bocuse d’Or este ano como presidente de honra - ele foi o presidente da primeira edição em 1987. Para o júri, foram convocados 24 grandes chefs, um de cada país participante. Eles avaliaram os participantes com base no sabor, estética e criatividade de cada prato. O presidente do júri foi o jovem chef norueguês Ørjan Johannessen, vendedor da edição de 2015 do concurso.

- Sobre o Sirha:

De 21 a 25 de janeiro, a cidade francesa de Lyon recebeu o Sirha (Salon International de la Restauration, de l'Hôtellerie et de l'Alimentation), maior evento do mundo de gastronomia, hotelaria e foodservice, que acontece a cada dois anos. Além de oferecer uma oferta completa para profissionais do mercado, o salão se destaca por receber prestigiados concursos internacionais. O Bocuse d’Or, competição de alta gastronomia, a Coupe du Monde de la Pâtisserie, voltada para a confeitaria, e a International Catering Cup, de serviço de catering, teve suas finais mundiais durante a feira, e os três contaram com a participação de brasileiros.

O SIRHA (Evento Internacional para Profissionais de Food Service e Hotelaria) reúne profissionais de food service para compartilhar tendências mundiais do segmento. Realizado no Eurexpo Lyon, todo mês de janeiro dos anos ímpares, o Sirha apresenta, há mais de 30 anos, concursos gastronômicos internacionais: o Bocuse d'Or e a Coupe du Monde de la Pâtisserie, criados, respectivamente, por Paul Bocuse e Gabriel Paillasson. Atualmente, o SIRHA também acontece em outros cinco países: Brasil, México, Hungria, Suíça e Turquia.



Fonte: Ana Luiza Graça